Portaria recente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) ao setor de Nutrição e Dietética do Hospital Geral do Estado (HGE) determina que o fornecimento da alimentação de pacientes e funcionários do Hospital será suspenso durante 12 horas ao dia: das 19h até as 7 horas da manhã. O motivo, segundo os funcionários, é contenção de despesas com horas extras.
A determinação tem deixado as equipes preocupadas, tanto com a redistribuição das atividades por profissionais não capacitados quanto com o risco que os pacientes correm sem a dieta nutricional necessária.
De acordo com a coordenadora do setor de Nutrição e Dietética do HGE, Ana Martha, para muitos pacientes a alimentação durante esse período é parte do tratamento, por isso é considerada indispensável. Na mesma situação estão as crianças atendidas no HGE. Aproximadamente 15% são menores de um ano e necessitam de assistência diferenciada.
“Os funcionários do Hospital recebem a ceia das 21h30 até as 23h30, e muitos que estão em procedimento só conseguem se alimentar depois desse horário, às vezes na madrugada. Todos eles têm direito à alimentação assegurada por lei. Outra coisa que precisa ser levada em conta é o fato de o desjejum começar a ser confeccionado às 4h30 da manhã”, explicou a coordenadora.
Ela conta que por enquanto não recebeu nenhuma determinação oficial e alguns pontos ainda precisam ser esclarecidos, como por exemplo, “a quem caberá o serviço de prescrição e entrega da dieta?”. Ana Martha acredita que a mudança no serviço, além de ferir a política de humanização do HGE, vai acabar prejudicando os pacientes. “Os leitos não oficiais como o pessoal que está sendo atendido nos corredores e na observação serão preteridos, já que os profissionais do nível médio não têm autonomia para prescrever. Os pacientes da UTI submetidos à terapia nutricional também ficarão desassistidos”, alerta.
A atual estrutura do setor foi elaborada e autorizada pela própria Sesau quando da criação do HGE, asseguram os profissionais. Paralelo à política de humanização e as instruções do Conselho Regional de Nutrição, a equipe realizou um estudo sobre o perfil e risco nutricional dos pacientes atendidos pelo HGE. Na ocasião, a equipe constatou que 70% dos pacientes correm risco nutricional e precisam ser monitorados durante todo o dia. “Nutrição não é distribuição de comida”, desabafa a coordenadora do setor.
Os profissionais elaboraram um documento detalhado sobre as atividades desenvolvidas pelo setor e o impacto da suspensão do atendimento durante o período de 12 horas, endereçado ao secretário de Saúde do Estado, Hebert Motta. Os profissionais acreditam poder reverter a situação antes que prejudique os pacientes. Pelo documento entregue pelo diretor do HGE, a determinação começa a vigorar no dia 1º de novembro.
Movimento Unificado
O Movimento Unificado da Saúde entrou em contato com o secretário de Saúde que garantiu desconhecer a portaria e se comprometeu em receber a categoria na próxima semana. “Há quem diga que o corte é um sinal de que o Governo pode terceirizar o setor. Não queremos privatização, nem suspensão do serviço. Por defesa e respeito aos pacientes e aos trabalhadores”, disse Wellington Monteiro, integrante do Movimento.
“A questão da segurança alimentar é fundamental, mesmo porque a demanda do HGE é de pacientes carentes com problemas nutricionais”, finaliza.
Sesau
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) afirma ser mentirosa a informação repassada ao Alagoas24horas, sobre a instituição de “...portaria ao setor de Nutrição e Dietética do Hospital Geral do Estado (HGE) determinando que o fornecimento da alimentação de pacientes e funcionários do Hospital seja suspenso...”.
A Sesau, tranquiliza a todos, funcionários, pacientes e acompanhantes, que não haverá nenhuma mudança nem suspensão da alimentação e garante continuar investindo mais para avançar na modernização e melhoria dos nossos serviços.
A Sesau ressalta ainda, que a informação além de leviana fere princípios de respeito da atual gestão aos funcionários e usuários do Sistema Único de Saúde, principalmente dos que atuam no HGE, nossa principal unidade de referência em urgência e emergência do Estado.
Por fim, esclarece também que em função do política de reestruturação especialmente no HGE, visando melhorar as condições de trabalho e de assistência aos nossos pacientes, infelizmente algumas reações contrárias a esse processo vem sendo desencadeadas.
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