quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Alimentação a pacientes e funcionários do HGE será suspensa 12 horas ao dia 17h50, 22 de outubro de 2009
Danielle Silva
Assessoria

Portaria recente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) ao setor de Nutrição e Dietética do Hospital Geral do Estado (HGE) determina que o fornecimento da alimentação de pacientes e funcionários do Hospital será suspenso durante 12 horas ao dia: das 19h até as 7 horas da manhã. O motivo, segundo os funcionários, é contenção de despesas com horas extras.

A determinação tem deixado as equipes preocupadas, tanto com a redistribuição das atividades por profissionais não capacitados quanto com o risco que os pacientes correm sem a dieta nutricional necessária.

De acordo com a coordenadora do setor de Nutrição e Dietética do HGE, Ana Martha, para muitos pacientes a alimentação durante esse período é parte do tratamento, por isso é considerada indispensável. Na mesma situação estão as crianças atendidas no HGE. Aproximadamente 15% são menores de um ano e necessitam de assistência diferenciada.

“Os funcionários do Hospital recebem a ceia das 21h30 até as 23h30, e muitos que estão em procedimento só conseguem se alimentar depois desse horário, às vezes na madrugada. Todos eles têm direito à alimentação assegurada por lei. Outra coisa que precisa ser levada em conta é o fato de o desjejum começar a ser confeccionado às 4h30 da manhã”, explicou a coordenadora.

Ela conta que por enquanto não recebeu nenhuma determinação oficial e alguns pontos ainda precisam ser esclarecidos, como por exemplo, “a quem caberá o serviço de prescrição e entrega da dieta?”. Ana Martha acredita que a mudança no serviço, além de ferir a política de humanização do HGE, vai acabar prejudicando os pacientes. “Os leitos não oficiais como o pessoal que está sendo atendido nos corredores e na observação serão preteridos, já que os profissionais do nível médio não têm autonomia para prescrever. Os pacientes da UTI submetidos à terapia nutricional também ficarão desassistidos”, alerta.

A atual estrutura do setor foi elaborada e autorizada pela própria Sesau quando da criação do HGE, asseguram os profissionais. Paralelo à política de humanização e as instruções do Conselho Regional de Nutrição, a equipe realizou um estudo sobre o perfil e risco nutricional dos pacientes atendidos pelo HGE. Na ocasião, a equipe constatou que 70% dos pacientes correm risco nutricional e precisam ser monitorados durante todo o dia. “Nutrição não é distribuição de comida”, desabafa a coordenadora do setor.

Os profissionais elaboraram um documento detalhado sobre as atividades desenvolvidas pelo setor e o impacto da suspensão do atendimento durante o período de 12 horas, endereçado ao secretário de Saúde do Estado, Hebert Motta. Os profissionais acreditam poder reverter a situação antes que prejudique os pacientes. Pelo documento entregue pelo diretor do HGE, a determinação começa a vigorar no dia 1º de novembro.

Movimento Unificado

O Movimento Unificado da Saúde entrou em contato com o secretário de Saúde que garantiu desconhecer a portaria e se comprometeu em receber a categoria na próxima semana. “Há quem diga que o corte é um sinal de que o Governo pode terceirizar o setor. Não queremos privatização, nem suspensão do serviço. Por defesa e respeito aos pacientes e aos trabalhadores”, disse Wellington Monteiro, integrante do Movimento.

“A questão da segurança alimentar é fundamental, mesmo porque a demanda do HGE é de pacientes carentes com problemas nutricionais”, finaliza.

Sesau

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) afirma ser mentirosa a informação repassada ao Alagoas24horas, sobre a instituição de “...portaria ao setor de Nutrição e Dietética do Hospital Geral do Estado (HGE) determinando que o fornecimento da alimentação de pacientes e funcionários do Hospital seja suspenso...”.

A Sesau, tranquiliza a todos, funcionários, pacientes e acompanhantes, que não haverá nenhuma mudança nem suspensão da alimentação e garante continuar investindo mais para avançar na modernização e melhoria dos nossos serviços.

A Sesau ressalta ainda, que a informação além de leviana fere princípios de respeito da atual gestão aos funcionários e usuários do Sistema Único de Saúde, principalmente dos que atuam no HGE, nossa principal unidade de referência em urgência e emergência do Estado.

Por fim, esclarece também que em função do política de reestruturação especialmente no HGE, visando melhorar as condições de trabalho e de assistência aos nossos pacientes, infelizmente algumas reações contrárias a esse processo vem sendo desencadeadas.

Nenhum comentário: