segunda-feira, 11 de outubro de 2010

MPF/AL investiga contrato de empresa que vai gerir hospital de Santana do Ipanema

Empresa já está sendo alvo de inquérito civil pelo Ministério Público do Rio de Grande do Norte por suspeitas de fraude

O procurador do Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL), José Godoy Bezerra, anunciou que vai instaurar um procedimento civil para analisar o projeto de lei e o contrato do município de Santana do Ipanema com o Instituto Pernambucano de Assistência à Saúde (Ipas) para gerir o Hospital Geral Clodolfo Rodrigues de Melo. O Instituto já está sendo alvo de inquérito civil pelo MP do Rio de Grande do Norte, por suspeitas de fraude. A declaração do procurador foi feita durante uma reunião realizada nesta sexta-feira (08), em Arapiraca, com o Fórum em Defesa do SUS e Contra a Privatização.

Segundo o procurador, será analisada a legalidade do contrato e se existe fraude, como também a inconstitucionalidade do projeto, visto que a gerência do hospital por uma entidade privada contraria a legislação do SUS. “Vamos analisar o caso para saber que procedimento será tomado, pode ser um inquérito civil ou um procedimento preparatório de inquérito civil público”, informa Godoy.

A professora universitária, doutora em Serviço Social e coordenadora do Fórum em Defesa do SUS e Contra a Privatização, Valéria Correia, disse que o movimento, em conjunto com outras entidades sindicais, também entrará com uma ação de inconstitucionalidade contra a lei municipal.

“Essa lei entrega a gestão e serviços públicos para uma empresa privada, que são chamadas de Organizações Sociais (OS’s). Nós defendemos recurso público para serviço público”, disse Valéria Correia, ao afirmar que o hospital tem condições de funcionar por meio da gestão do SUS. “Sabemos que é uma necessidade da população, mas o hospital deve funcionar com gestão pública”, defende.

Valéria Correia, explica ainda que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, “por isso não se pode terceirizar a garantia desse direito”. De acordo com ela, Alagoas possui 94% de usuários exclusivos do Sistema Único de Saúde. No Brasil, esse índice é de 74%.

Ainda segundo a professora, esse formato de gestão não prevê contratação via concurso público, dispensa o processo de licitação para a compra de equipamentos e insumos, prejudica o atendimento aos usuários, não garante participação social na fiscalização dos recursos e não assegura direitos trabalhistas. “A dispensa de licitação é imoral. Não oferecer concurso público é uma afronta aos direitos trabalhistas. Além disso, o controle público interno e social são completamente desrespeitados por essas Organizações Sociais”, denuncia Corrreia.

O vice-presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Alagoas, Wellinton Monteiro, se mostrou preocupado com a atitude do governo do Estado em apoiar esse projeto de privatização, apesar de todas as denúncias de irregularidades. Segundo ele, “existe uma intenção em precarizar o sistema público para privilegiar o sistema privado”.

Para o coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal, Evilázio Freire, “o governo trata, hoje, educação e saúde como mercadoria”. A estudante universitária Bárbara Torres, afirmou que existe estrutura nos hospitais públicos para atender a população, mas o governo propagandeia e investe nos hospitais privados.


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Fórum em Defesa do SUS Contra a Privatização

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