Valéria Correia
Profa. Dra. da FSSO/UFAL, integrante do FórumSUS e da FNCPS
Bolsonaro afirmou esta semana (10/12) que o Brasil está vivendo o "finalzinho de pandemia", no dia em que 22 unidades da federação estavam com tendência de alta nas mortes por Covid-19. O negacionismo genocida de Bolsonaro continua estarrecedor.
A segunda onda do novo coronavírus se aproxima, já são mais de 180 mil vidas ceifadas e o general interventor do Ministério da Saúde continua sem um plano nacional de enfrentamento da Covid-19 para o país.
A política genocida que minimiza a pandemia nega a sua cura. Bolsonaro tem dificultado a aquisição da vacina contra a Covid-19. Em maio vetou dispositivo que obrigava a Anvisa a certificar vacinas em até 72 horas. Veto que foi derrubado pelo Congresso Nacional, em agosto. Em novembro desautorizou o Ministério da Saúde a comprar a vacina chinesa desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac. Em seguida, afirmou que não iria tomar a vacina. O que provocou uma dúvida sobre o uso da vacina em parte da população que o segue cegamente. Os mesmos que dispensam o uso de máscaras e não obedecem aos protocolos de distanciamento social, provocando a propagação do vírus e o aumento de mortes.
Apesar de ser o Brasil o país que registra o segundo maior número de casos de Covid-19 no mundo, nos últimos dias, não existe pressa na aquisição da vacina por parte do Governo Federal, muito pelo contrário, a todo momento o governo cria dificuldade. Não definiu uma política de aquisição de insumos para vacinação em massa e, sequer, havia elaborado um plano nacional de vacinação, até ser provocado pelo STF.
Os poucos passos do Governo Federal para o enfrentamento da Covid-19 são resultados de iniciativas do Congresso ou de ações judiciais. Apenas no dia 12/12/2020 um “plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19” foi entregue pelo Governo Federal ao STF, sendo anexado às ações que tramitam no STF sobre o tema. Esse plano foi entregue dias depois do Ministro relator, Ricardo Lewandovsk, ter votado para que o governo apresentasse um plano com estratégias e ações sobre a vacinação em 30 dias. Ressalta-se que as referidas ações foram apresentadas pelos partidos de oposição ao Governo Bolsonaro. Uma foi apresentada pelo partido Rede, e a outra pelos partidos PCdoB, PSOL, PT, PSB e Cidadania.
O negacionismo genocida de Bolsonaro precisa ser apurado como crime de responsabilidade! São 180.552 mil óbitos por Covid-19 (em 12/12), e se somar aos 68.923 óbitos registrados como Síndrome Respiratória Aguda Grave não especificada chega-se em 249. 475 óbitos no Brasil. Quantos mais precisam perder a vida? A exigência de todas as medidas necessárias para a vacinação com acesso universal de imediato deve estar na ordem do dia, já que o SUS, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), tem capacidade, organização, estrutura e experiência bem sucedida em vacinações.